A cidade de Portimão e a sua origem

História de Portimão

Na cidade de Portimão permanecem, atualmente, vestígios do seu passado quinhentista, visível no traçado das ruas, na Igreja Matriz e no Convento de São Francisco.

A origem de Portimão

Situada na margem direita do rio Arade, junto à foz, a vila surge no contexto do desenvolvimento do litoral algarvio, decorrente do processo expansionista além-mar.

A 8 de agosto de 1463, D. Afonso V, a pedido de um grupo de moradores do lugar de Portimão, concede autorização para a fundação de uma povoação que se chamaria São Lourenço da Barrosa, com a condição deste contruirem aí casa própria no prazo de dois anos. Os privilégios contidos na carta de doação permitem aos seus fundadores uma rápida autonomia em relação ao concelho de Silves, em cujo termo se incluia.

A localização do lugar e o seu rápido desenvolvimento económico explicam a sua passagem a vila, entre 1467 e 1475. Passou então a chamar-se Vila Nova de Portimão.

As muralhas

Muralhas de Portimão

A fortificação da vila era uma prioridade porque a povoação tinha acesso fácil pela foz do rio. Delimitando um polígono irregular com cerca de 6,5 hectares, as muralhas estendiam-se da margem do rio para o interior. A construção em dentes de serra permitia uma vigilância eficaz, reforçada por baluartes e torreões.

O crescimento da vila levou-a, naturalmente, a estender-se extramuros, sendo difícil hoje identificar o traçado das suas muralhas. No entanto, saltando quintais, trepando às árvores e seguindo topónimos sobreviventes, podemos reconstruir o seu percurso.

A vila intramuros cresceu a partir de três eixos – Porta da Ribeira, Porta da Serra e Porta de São João. Limitada pelo rio, a evolução urbana tenderia, dessa forma, para o interior na direção das duas últimas portas. O núcleo mais antigo situa-se, assim, junto à Porta da Ribeira, próxima do rio, dos moinhos e das salinas.

Século XVII e XVIII

Neste séculos, XVII e XVIII, ocorreram várias crises económicas que paralisaram o desenvolvimento da região algarvia.

Relatos de 1621 fazem-nos perceber o estado geral de pobreza da região, desde a falta de pão a outros mantimentos essenciais (Alexandre Massaii). Em 1704, as aulas iniciadas pelos Jesuítas no seu recente Colégio de Portimão têm poucos alunos, revelando igualmente a escassez de recursos nas famílias supostamente mais abastadas. Em 1734, a decadência do comércio em Portimão faz com que muitas famílias abandonem a povoação, procurando assim outros sítios com mais oportunidades. O terremoto de 1755 também afeta esta região. Por esse motivo, mais gente ainda irá abandonar a região.

Corsários e Piratas

Pirata da Barbaria - Pirataria Mourisca

O corso e a pirataria tinham, desde há muito, se tornado um flagelo em toda a costa portuguesa. Era uma prática organizada e sistemática, levada a cabo pelas diversas potências que concorriam para o domínio dos mares e das lucrativas rotas do comércio. A costa do Algarve era particularmente atingida pela pirataria mourisca.

Desde meados do século XVI que a defesa da costa do Algarve contra ataques e investidas de piratas berberes e argelinos se torna uma preocupação permanente dos nossos monarcas. Estes ataques frequentes visavam o assalto aos navios que circulavam junto à costa e o roubo e pilhagem das populações costeiras, sobretudo em época de colheitas.

No entanto, foi durante o período filipino que um grande número de obras de fortificação da costa foram realizadas. A nova ameaça da artilharia obrigava assim a repensar toda a estrutura dos sistemas defensivos. Por isso começaram a construir-se fortalezas abaluartadas, capazes de dar resposta às novas exigências da guerra.

Cidade por uma semana – a primeira elevação a cidade

Vinte anos mais tarde, após o terrível terremoto de 1755 que destruiu Lisboa mas também as principais povoações do Algarve, Marquês de Pombal desenhava um plano audacioso: tornar Portimão sede de bispado, elevando-a a cidade e integrando no seu termo a desprotegida vila de Alvor, terra dos Távoras que o rei D. José acabara de extinguir. Tudo isto durou apenas uma semana. O rei D. José morre no dia 13 de fevereiro de 1777 e sua filha, D. Maria I, em total desacordo com a linha política seguida até então, restitui imediatamente a sede de bispado do Algarve a Faro. Caiu também o decreto real, aprovado quatro dias antes da morte do rei, que elevava Vila Nova de Portimão a cidade. E, por esse motivo, Portimão voltou ao seu velho estatuto de vila.

Portimão na modernidade

Já no início do século XX João Arruda escrevia: “Portimão é a terra algarvia a que o futuro mais carinhosamente sorri: a sua condição de estância balnear, o seu porto amplo e profundo a dar guarida a vastas embarcações, a sua importante indústria de conserva de peixe, o seu fabrico de rolhas, a sua exportação de figo e sal, dão-lhe foros de nervosa atividade e prognosticam que, dentro de alguns anos, ao fazer-se o prolongamento da via férrea a Lagos, será o mais ativos e florente centro do Algarve.” (1908)

Porto de Portimão em 1906
Cais de Pormimão (1906)

No século XX consolidou-se a vocação marítima da Vila Nova de Portimão muito suportada pelo aproveitamento das potencialidades daquele que era agora o melhor porto de abrigo do Algarve.

A canalização dos produtos rurais do interior e o desenvolvimento da atividade piscatória criaram uma dinâmica portuária notável, acentuada pelo florescimento da indústria conserveira.

Finalmente, a 11 de dezembro de 1924, Vila Nova de Portimão é elevada à categoria de cidade (cidade de Portimão) pelo então Presidente da República Portuguesa, Manuel Teixeira Gomes.